sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Melhores álbuns nacionais: 1º e 2º, parte 2


O universo de J.G. Ballard parecia ter estado apenas à espera que os Mão Morta se lembrassem de o interceptar. A escrita metálica, fria, delirante, distópica, desafiante, provocatória e tremendamente acutilante do autor inglês tem tudo a ver com a obra da banda de Braga. E ao tomar Ballard como ponto de partida para Pesadelo em Peluche, os Mão Morta agarraram de novo as canções, como não o faziam há uma década, desde Primavera de Destroços. E o melhor de tudo é que após um infundado rumor de que a banda estaria prestes a enfiar a guitarra na sacola, os mais de 25 anos de carreira parecem carregar apenas uma certeza: continuamos a precisar deles quanto no primeiro dia. E isso, é um luxo em tempos de rock mortiço e seco de ideias.

As canções são igualmente um íman que puxa as mãos de Bernardo Sassetti para as teclas de um piano que, apesar dos riscos, não resiste a desenvolver uma boa melodia. Motion, disco que continua a explorar a relação com a imagem, mas que está muito longe de se esgotar nesse interminável flirt. Marca igualmente o regresso de Sassetti no formato de trio, com Carlos Barretto no contrabaixo e Alexandre Frazão (na foto), gente que está tão para lá das convenções do jazz contemporâneo que nada nesta música parece quer programado quer aleatório. É como se os três instrumentos estivessem permanentemente a circular em torno de si mesmos, a descobrir-se, a responder-se, a deixar que seja a intuição e o entendimento perfeito a delinearem o caminho. E isso, é impagável. E faz de Motion o melhor disco português de 2010.
(No vídeo, a homenagem ao grande Mark Linkous, através da versão de Homecoming Queen, dos Sparklehorse, gravado em Motion)

2º - Pesadelo em Peluche - Mão Morta


1º - Motion - Bernardo Sassetti Trio


GF

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Melhores álbuns nacionais: 3º e 4º, parte 2


Lula Pena (na foto) esteve 12 anos sem gravar, remetendo-se a uma existência artística própria de eremita, complicada de deslinda para quem está de fora. Os discos tardavam, as promessas iam sendo renovadas, e depois ouvia-se esta mulher em concerto a cruzar as suas composições com temas tradicionais portugueses, os seus 'phados', música brasileira, canção francesa, melodias recolhidas um pouco por todo lado, tudo engolido e devolvido num vómito belíssimo, uniforme, que pegava em todas estas coordenadas e as transformava num único fluxo musical, contínuo, as notas das guitarra acústica a desembocarem inevitavelmente umas nas outras e a voz dorida, confessionária, a ir atrás. Troubador, ao fim de todo este tempo, compensa a espera: renova a fé absoluta numa das mais originais e viscerais vozes cantadas na língua portuguesa. É um disco que dói de tão incrivelmente belo.

Os Deolinda passaram com notável distinção por uma dura prova de fogo: a de arranjar sucessor à altura de Canção ao Lado, que ficará seguramente como um dos álbuns mais marcantes da música nacional neste início de século XXI. Já não é novidade nenhuma que a música destes quatro é a melhor transposição da aldeia para o ambiente popular urbano, os bailaricos da casa do povo para os bailes de Santo António, e que as caricaturas exímias que Pedro da Silva Martins assina na base de barro dos pés anafados deste povo são das melhores coisas que se podia pedir a um país que sempre teve medo de olhar para si, de brincar com a sua imagem e quase sempre se leva demasiado a sério. Dois Selos e Um Carimbo consegue não descer o nível, e confirma-os como um bem precioso, para tratar nas palminhas.

4º - Troubadour - Lula Pena


3º - Dois Selos e Um Carimbo - Deolinda


GF

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Melhores Concertos de 2010: 2º e 1º

Com o seu fato habitual, Camané é um falso discreto. Começa mansinho, tímido. Depois, quando a alma começa a ferver, sobe o tom, para uma escalada final/triunfante, quando todo o seu talento fica a nu público. Ovação. Cada canção, uma vitória. A voz essa, está sempre no sítio certo, com uma pontaria milimétrica. A perfeição é afinal bem portuguesa e, no fôlego final, não nos mente. Mas se aquilo que se viu no CCB não for perfeição, a perfeição que se cuide.
Parte retirada de artigo assinado para o Cotonete.

Uma noite quente de Verão perfeita, um recinto verdejante com vista para o mar, uma banda de topo que faz todos os estilos americanos, um elegante cantor em dia inspirado, um alinhamento que aquece os termómetros das almas presentes e um esforço simpático de uma jam session de categoria para comemorar o fim de digressão são factores que dão a Chris Isaak (na foto) o título de concerto mais inesquecível do ano. Graças a este cavalheiro americano, Elvis viveu mais uma noite - e que noite.

2º Camané no Centro Cultural de Belém

1º Chris Isaak no Cascais CoolJazzFest


GP

Melhores Concertos de 2010: 4º e 3º

A actuação dos xx (na foto) na Aula Magna tinha todo os condimentos para um fracasso: anti-atitude, anti-canto, anti-performance e anti-academismo. Mas graças a uma economia de recursos exemplar deste trio inglês que devia despertar a atenção dos Medinas Carreiras deste país, os xx fazem de uma ou duas virtudes o seu poder imenso de atracção, convertendo a sua anemia musical num acto ao vivo de singularidade fascinante. Com os xx, a glória está apenas a dois ou três acordes mal tocados de distância. Basta uma boa ideia. O concerto, o álbum-concerto, durou uma hora. E foi uma experiência a quatro dimensões de "The xx" que fascinaria o fotógrafo Anton Corbijn.
Texto baseado em artigo assinado para o Cotonete.

Nem todos os concertos de regresso se reduzem a fantásticas transferências bancárias para os músicos poderem pagar as suas contas. O dos Faith No More no Passeio Marítimo de Algés foi uma memorável excepção, com o vocalista Mike Patton num estado bipolar de que gostamos (furioso num minuto, simpatiquíssimo no outro, sempre falando num óptimo português abrasileirado). Como se pode esquecer que não tocaram We Care a Lot?... Só com uma noite daquela, em polvorosa, com um rock mutante sem acusar idade. Estiveram mais de dez anos parados? Não se notou.

4º The xx na Aula Magna


3º Faith No More no Optimus Alive!


GP

domingo, 26 de dezembro de 2010

Melhores Concertos de 2010: 10º - 5º

Os Walkmen têm aquilo a que se pode chamar o som do cavalo: galopante, bonito, aristocrata. E o Coliseu dos Recreios pôde sentir naquela noite de Novembro as cavalgaduras do grupo nova-iorquino, tendo como pano de fundo a apresentação do álbum assumidamente inspirado na capital portuguesa, "Lisbon". Sem serem precisos discursos inflamados sobre Portugal ou bandeiras nacionais sobre os ombros do vocalista Hamilton Leithauser, sentiu-se autenticidade na relação entre os Walkmen e o público nacional. E pode-se eleger um momento: 'All Hands and the Cook' ou o furacão vocal de Leithauser e a vibração hipnótica da guitarra de Maroon a ajudarem a fazer dos Walkmen um acontecimento, nem que seja por apenas 5 minutos.

10º Sérgio Godinho na Culturgest
9º MGMT no Campo Pequeno
8º Wovenhand no Santiago Alquimista


7º Black Rebel Motorcycle Club na Aula Magna
6º Walkmen no Coliseu dos Recreios
5º Mão Morta no Coliseu dos Recreios


GP

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Melhores álbuns nacionais: 5º e 6º, parte 2


Quando apareceram com 40:02, os Peixe: Avião (na foto) pareciam fiéis súbditos dos Radiohead, praticantes de uma pop esparsa, de melodias fugidias, frequentemente desenhadas pelo falsete de Ronaldo. Percebia-se já uma matéria diferente dos restantes projectos nacionais, e em que a referência basilar da banda de Thom Yorke não constituía um empecilho à criação de uma nova linguagem. Madrugada, o segundo álbum, deixa esse fantasma num estado cada vez mais fantasmagórico, no sentido em que passa a ser um espectro que de vez em quando se pressente, mas que está longe de assombrar a música do quinteto de Braga. Agora, os Peixe: Avião lembram sobretudo o seu próprio percurso. Deixaram de parecer-se com os outros. E parecem-se cada vez mais com uma ideia de pop exigente que delicia audição após audição.

No mundo do jazz, há dois tipos de músicos: há aqueles que tocam em modo onanista, tão deslumbrados com o facto de se satisfazerem a eles próprios que bem podem tirar-lhes o público todo da frente e continuarão a ter orgasmos sucessivos, encantados com as suas magníficas capacidades técnicas. E há músicos como Carlos Bica, que sabem perfeitamente que a música não é uma prova de velocidade nem um desfile de moda, que mais do que impressionar o olho destreinado, a música vive de cada nota ser depositada no sítio certo, sem ter de se acotovelar para fazer ouvir. Matéria Prima, o seu novo projecto, é mais um exemplo de como as canções podem existir neste contexto do jazz, sem que isso signifique ser xaroposo como Pat Metheny ou convite ao vómito como Diana Krall. Disco que convoca paisagens americanas, sons de todo o lado e um gosto pela experimentação que, ao contrário do que possa parecer, está habitualmente ausente do jazz contemporâneo.

6º - Madrugada - Peixe: Avião


5º - Matéria Prima - Carlos Bica


GF

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Melhores Álbuns Nacionais de 2010: 2º e 1º

O fadista Camané espreita os três cantos de outras músicas portuguesas (das oferendas de Sérgio Godinho e de Fausto à crónica direcção musical de José Mário Branco) do seu quarto, num canto que evoca as memórias dos fados de Alfredo Marceneiro. Coadjuvado por um trio de instrumentistas de monta (José Manuel Neto na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola e Carlos Bica no contrabaixo), Camané cimenta-se cada vez mais como o maior fadista masculino pós-Carlos do Carmo. Curiosidade, aventura, refinamento, excelência.

As rugas de um trajecto estilhaçado por hiatos, doenças e reformulações são milagrosamente eliminadas por uma música abençoada por uma eterna juventude, como se os Pop dell’Arte nunca tivessem parado. As contigências da vidinha passam a corriquice num par de batidas, e João Peste passa a ser em poucos segundos de gravação no maior astro rock, num líder de um projecto que é ainda tão provocador. O híbrido anglo-francês com alma portuguesa de rock vangardista, electrónica e cabaret (ou lá o que isso seja) sai outra vez da toca com aquele sorriso maroto. E os Pop dell’Arte voltam a antecipar o futuro, assim de forma tão abrupta.


2º Camané – Do Amor e dos Dias


1º Pop dell’Arte – Contra Mundum


GP

Melhores álbuns nacionais: 7º e 8º, parte 2


Sou suspeito. Eu estava naquela magnífica sala dos Boom Studios de Pedro Abrunhosa, quando o piano de Bernardo Sassetti e o canto de Carlos do Carmo andaram naquela sinuosa perseguição, num bailado de notas em mútua sedução, o tempo a fugir e eles a puxarem-no novamente pelos colarinhos, e no ar uma vibração verdadeiramente electrizante. Um mínimo som, um sussurro ou um cigarro a acender teria sido a mais pesada das heresias durante aquelas Cantigas do Maio do grande José Afonso. Até a eles surpreendeu. Este disco é sobretudo o encontro feliz entre duas escolas distintas da improvisação: a do fado e a do jazz, a da rua e a das escolas, a do traçadinho e a do absinto. Disco notável, de um encontro soberbo, que será certamente prenda de muito Natal.

Há quem ache que este Dá de Márcia (na foto) soa a música de telenovelas. Concedo. Mas no estrito caso de promovermos a telenovelas coisas como Sete Palmos de Terra. Este país, pouco fecundo nas cantautoras, tem raríssimos casos como o de Márcia Santos, capaz de juntar uma voz a uma guitarra e comover o coração mais empedrado. Como ela, haverá talvez apenas Margarida Pinto. Mas a qualidade desta escrita é única e de uma simplicidade que só aumenta o seu magnetismo. São canções que nos implicam e fazem sentir que há uma tristeza mais digna quando nos enfiamos debaixo dos cobertores. Um mimo de disco, numa belíssima versão lusa de Stina Nordenstam.

8º - Carlos do Carmo & Bernardo Sassetti - Carlos do Carmo & Bernardo Sassetti


7º - Dá - Márcia


GF

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Melhores Álbuns Nacionais de 2010: 4º e 3º

O luso-iraniano Mazgani acaba de dar um passo de crescimento magistral neste seu segundo álbum. Com o encaixe instrumental que nem uma luva do ajudante Pedro Gonçalves (dos Dead Combo) e o poderio vocal de Mazgani, projecta-se para um altar dourado todo aquele cenário de tons cavernosos à Tom Waits e de neura dos Wovenhand/16 Horsepower. Este é um dos poucos casos em que o inglês não é um empate criativo à efervescência de um projecto pop-rock nacional.

A partir de um período de abstenção de canções simples à antiga por que passaram recentemente os Mão Morta, "Pesadelo em Peluche", inspirado n'A Feira de Atrocidades de J. G. Ballard, faz a função de uma reserva de temas mais compreensíveis ao longo destes anos todos. E por isso o novo disco soa a desfile em regime best of de músicas com capacidade reivindicativa para hinos de Mão Morta, só que com temas originais. "Pesadelo em Peluche" afigura-se - mera opinião deste escriba - como o melhor álbum de sempre dos Mão Morta.

4º Mazgani – Song of Distance

3º Mão Morta – Pesadelos em Peluche

GP

Melhores álbuns nacionais: 9º e 10º, parte 2


Não é por acaso que os melhores tempos dos Da Weasel tinham Armando Teixeira agarrado aos teclados. Logo que deixou o grupo, toda a dose de hip-hop desacelerado, sensual, carnal e swingante, foi substituída por uma cedência a um rock pesado mais quadrado e pouco arejado. Depois, Armando dedicou-se a produzir álbuns alheios e a inventar dois dos mais interessantes projectos da música portuguesa: o hip-hop instrumental de Bulllet, e a magnífica pop roubada aos vinis da Feira da Ladra de Balla. Eliminada essa matéria-prima vinda do lixo dos outros, ficou a mesma admirável elegância aplicada às canções. Equilíbrio confirma-o ainda mais como um dos nossos melhores obreiros na busca pela perfeição dos 3 minutos.

Contrariamente a tudo o que seria expectável, o carácter errático dos Pop dell'Arte (na foto) nunca diminuiu a sua capacidade de deixar marcas profundas na música portuguesa com cada um dos seus espaçados lançamentos. A voz de João Peste está agora mais grave, mais cansada, mas também por isso mais trágica, mais tocante na pele de equivalente masculino das sereias, um homem que canta tristemente (e belissimamente) aos navios e aos marinheiros que passam.

10º - Equilíbrio - Balla


9º - Contra Mundum - Pop dell'Arte


GF

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Melhores Álbuns Nacionais de 2010: 6º e 5º

O pastor punk Guillul afastou-se um pouco do querido rebanho da FlorCaveira, dos seus sons trovadorescos ou daquele beat dos Strokes, para nos pregar uma enchurrada inspirada de canções de outras direcções, incluindo um maravilhoso dueto com Rui Reininho e muito humor. "V" é Pavement com vinho tinto, azeitonas e moamba de galinha... Conversão declarada a esta cimeira sonora atlântica. Passem a palavra deste senhor.

O prazer e a inocência da actriz Maria de Medeiros (na foto) na interpretação vocal de "Penínsulas & Continentes" são as mesmas de um turista a usufruir de um mundo novo. Nesta sua segunda viagem pela música, com vistos e vistas para o arquivo de canções das penínsulas Ibérica (e inclui os nossos Zeca Afonso e Sérgo Godinho) e Itálica e para os continentes americano e africano, Maria de Medeiros navega levemente ao ritmo de standards jazzísticos, alguma rumba e bossanova – sempre a sorrir. A brincadeira corre-lhe muito bem.

6º Tiago Guillul – V

5º Maria de Medeiros – Penínsulas & Continentes

GP

Melhores álbuns nacionais: 11º- 20º, parte 2


Resquícios de electrónica apanhados de um lixo dos anos 90, três baterias vergastadas com fúria, umas minudências de hardcore para dar mais corpo ao baile e umas vozes que urram só para dizer que aqui ninguém fica de boca fechada. Assim são os PAUS de É Uma Água, boa surpresa desta gente que gravita em torno da liderança carismática e musculada de Joaquim Albergaria, ex-Vicious 5.

Liderança é coisa que faz pouco sentido nos Orelha Negra. Sam the Kid e Cruzfader empregados como operários de maquinaria, Francisco Rebelo e João Gomes (dos Cool Hipnoise) altos responsáveis pelo groove e Fred a carregar tudo às costas na bateria. Com os Orelha Negra, é tudo uma questão de soar como se fossem a banda residente da Stax nos dias que correm, ao mesmo tempo que há samples de música ligeira portuguesa para lembrar que nem tudo nasceu do outro lado do Atlântico.

A abrir caminho para os dez mais, o belíssimo disco de Tiago Guillul, o homem mais inspirado da comitiva FlorCaveira, e aquele cuja música carrega uma verdade que nos rouba o fôlego. Se é este o nosso pastor, nós vamos certamente atrás, seguindo o trilho deste punk mal amanhado que pisca o olho a África, que não deixa de ser orgulhosamente precário mesmo quando embarca no terreno das grandes canções. Guillul pode não ser o menino bonito da sua própria criação, mas é aquele que mais merece atenção sem freios. Uma nova descoberta a cada disco.

20º - É Uma Água - PAUS
19º - Deve Haver - Nuno Prata
18º - Lights & Darks - Rita Redshoes
17º - Tigrala - Tigrala
16º - Guia - António Zambujo
15º - Porta do Coração - Ricardo Ribeiro
14º - Orelha Negra - Orelha Negra


13º - Do Amor e dos Dias - Camané
12º - Labirintos - Carlos Barretto Lokomotiv
11º - V - Tiago Guillul


GF

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Melhores Álbuns Nacionais de 2010: 15º - 7º

Armando Teixeira (na foto) é o mais próximo que temos em Portugal de David Sitek (dos TV on the Radio): um produtor omnipresente muito respeitado pela classe musical e um criativo que não prescinde de ter os seus projectos autorais. Com alguns álbuns de avanço face a Maximum Balloon de Sitek, os Balla de Armando Teixeira reuniram um leque de convidados de luxo e os seus dois maiores singles de sempre (Ao Deus-Dará e Montra) num só disco: "Equilíbrio". O título transformou-se numa ironia.

15º Rita Redshoes – Lights & Darks
14º Mind The Gap - A Essência
13º Balla – Equilíbrio
12º Expensive Soul - Utopia
11º The Soaked Lamb – Hats and Chairs


10º António Zambujo - Guia
9º Terrakota - World Massala
8º B Fachada – Há Festa na Mouradia (EP)
7º Nu Soul Family – Never Too Late to Dance


GP

Melhores álbuns internacionais: 2º e 1º, parte 2


Não sou especialmente fã do primeiro álbum dos Vampire Weekend. Na altura que saiu, passou-me pelos ouvidos e a única frase que me bailava na cabeça era 'sacanas de aproveitadores gratuitos a pilharem a música africana e a embalarem-na com um ar coolzinho de trazer por casa'. E irritou-me que o fenómeno a que ninguém parecia resistir fosse alimentado por um público que, muito provavelmente, não perderia cinco minutos a ouvir a Orchestra Baobab (com quem, à distância, Ezra Koenig diz ter aprendido a tocar guitarra). Música betinha, moda do momento e oportunista. E depois veio Contra, e aquilo que me pareciam dois mundos colados com cuspo fez repentinamente sentido. Contra é, parece-me, aquilo que It's Not Me It's You de Lily Allen fora em 2009: o grande disco de canções do ano. Tão simplesmente.

Quanto a Kanye West (na foto), é outra fruta. É o grande arrojo estético de 2010, o disco que mais me parece capaz de deixar marcas profundas no que a música popular terá a ouvir nos próximos anos. Já alguém lhe chamou, com toda a razão, 'o Mourinho da música': há neste homem uma arrogância de quem se sabe estupidamente bom e não suporta que os outros não o vejam. E é difícil escapar-lhe, para dizer a verdade. My Beautiful Dark Twisted Fantasy institui Kanye West como a dupla Lennon/McCartney para o primeiro quartel do século XXI. Há aqui brilhantismo a rodos, uma atitude de esticar os limites do que pode ser uma grande canção e um gosto por um experimentalismo mascarado de alinhado que produzem resultados soberbos. West tem um ego do tamanho do mundo. Mas se continuar a fazer discos assim, nós continuaremos a insuflá-lo só mais um bocadinho.

2º - Contra - Vampire Weekend


1º - My Beautiful Dark Twisted Fantasy - Kanye West


GF

Melhores Álbuns Internacionais de 2010: 2º e 1º

Em “Age of Adz”, Sufjan Stevens operou a sua grande revolução pessoal. Mergulhou as suas canções na electrónica e passou a confiar mais na intuição do que numa estrutura narrativa ou conceptual (que o tem celebrizado por via do projecto dos 50 álbuns dedicados aos 50 estados norte-americanos). Deslocou neste disco o reino folk de Townes Van Zandt e Elliott Smith para o continente do experimentalismo electrónico dos Radiohead de "Kid A" e dos Animal Collective e fez um épico do nosso tempo.

A salvo de grandes pressões da indústria - lá na sua terriola de fantasia - para fazer um sucessor à altura ou parecido com "The Trials of Van Occupanther", os Midlake (na foto) puderam mudar o que bem quiseram. “The Courage of Others”, que mostra outras rotas menos tecladas, é um álbum de instrumentos de cordas à vista desarmada: uma muralha maior de guitarras acústicas e eléctricas, com os Fairport Convention mais por perto. Da matéria indie dos anos 1990, passando pela folk-rock dos anos 1960/70 até ao medievalismo folk, "The Courage of Others" é uma tabela cronológica com quase mil anos de extensão.

2º Sufjan Stevens – Age of Adz


1º Midlake – The Courage of Others


GP

domingo, 19 de dezembro de 2010

Melhores álbuns internacionais: 3º e 4º, parte 2


Assume Crash Position é um daqueles discos que está, injustamente, fadado a levar uma vida na sombra. Na sombra daquele que será para sempre o álbum emblemática desta música do Congo, tradição ligada à tomada, likembes electrificados condutores perfeitos das descargas nos nossos corpos pouco habituados a estes estímulos rítmicos vindos da terra e estas melodias circulares que apenas pedem em troca a entrega total: Congotronics. Por isso, o segundo álbum europeu dos Konono Nº1 (há mais umas pérolas espalhadas para trás) não surpreende. Sobretudo depois de 2009 ter sido ano do fenómeno Staff Benda Bilili. O que não quer dizer que seja um disco menos inspirado e inspirador.

Cee-Lo Green andou a atazarnar-nos os ouvidos durante uns valentes meses com 'Crazy'. Mas uma vez livre de Danger Mouse (não que seja má companhia, nós até gostamos do mocinho e o recomendaríamos como 'um bom partido'), fora do epifenómeno Gnarls Barkley, aqui que nos oferece em The Lady Killer é um dos mais inspirados discos soul (com hip-hop e r&b a juntar à mistura, claro), longe dos padrões açucaradas e fortalecidos com esteróides que têm, ultimamente, tornado a soul coisas para meninas de vozes contorcionistas e pouca herança da magnífica escola de Memphis. Como lhe chamou o nosso amigo Mário no Ípsilon, este é o melhor falsete da actualidade. E tem todo um disco a fazer-lhe justiça.

4º - Assume Crash Position - Konono Nº1


3º - The Lady Killer - Cee-Lo Green


GF

Melhores Álbuns Internacionais de 2010: 4º e 3º

Uma imensa meninice resiste na cabeça muito adulta de Laura Veirs, que na sua nova morada, Portland, recebeu outros ares para a sua música de cantautora folk-pop. Detalhes e apontamentos instrumentais telegráficos (do banjo, do piano ou do violoncelo) dão uma linha de magreza recomendada a canções maiores, com a ajuda preciosa de uma voz cuja raridade não está numa amplitude de soprano mas numa doçura que a identifica em dois segundos. "July Flame" é o seu segundo grande álbum – o seu outro disco de excelência é "Carbon Glacier" (2004).

O pai de muita coisa que ouvimos hoje, incluindo o hip hop, voltou após 16 anos de hiato e de desvios para a marginalidade (toxicodependência em alto grau, penas de prisão e possivelmente a infecção com HIV). "I’m New Here", acima de tudo um disco de spoken word muito bluesy, é a prova que a música de hoje precisa deste grande pensador. Tal como 'Me and the Devil' de Robert Johnson (de que faz uma versão impressionante neste longo), Gil Scott-Heron (na foto) nasceu outra vez. É dele o grande regresso do ano.

4º Laura Veirs – July Flame


3º Gil Scott-Heron – I'm New Here


GP

sábado, 18 de dezembro de 2010

Melhores álbuns internacionais: 5º e 6º, parte 2


Era uma vez uma menina de cabelos loiros e voz de apuros, perdida numa qualquer floresta, tentando escapar ao seu destino de vítima de um conto de fadas através de um canto belíssimo, diáfano, a encantar uma plateia de animais e seres imaginários. O bom de Joanna Newsom (na foto), é que apesar do tom infantil das suas canções para voz e harpa, a sua composição é de uma maturidade capaz de lhe dar reforma imediata sem passar pela casa da segurança social. Have One on Me é um disco de menina de cabelos loiros, voz de apuros e tomates valentes. Um disco triplo, arriscadíssimo quando não se lhe conhece uma elasticidade estilística assim tão extraordinária, e, no entanto, é uma das obras mais belas dos últimos anos, de uma americaninha cada vez mais herdeira da folk britânica. É tão encantatória quanto encantadora. Obrigado, Joanninha. Agora vamos fechar o livro e toca a ir para a caminha. Até amanhã, dorme bem e diz olá aos ursos.

E ursos é malta que também não deve parecer estranha à malta dos Gorillaz - Damon Albarn, Miho Hatori, Jamie Hewlett e outros. No caso desta bonecada, o percurso começou por parecer uma piscadela de olho ao universo infanto-juvenil, mas rapidamente essa miragem se desfez para percebermos que era 'apenas' mais um belíssimo escape criativo de Albarn, mais ambicioso do que a mera composição de banda sonora para uns desenhos animados muito simpáticos. Plastic Beach - o último, diz-se - adensa essa sensação de que os projectos de Albarn tendem a parecer-se cada vez mais consigo e com a sua vontade de experimentação do que com quaisquer outros músicos que o acompanhem nestas andanças. Como já percebeu, é uma pequena maravilha para gente não tão pequena assim.

6º - Have One on Me - Joanna Newsom


5º - Plastic Beach - Gorillaz


GF

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Melhores Álbuns Internacionais de 2010: 6º e 5º

14 anos e um oceano depois, dois berços de ouro da música (Cuba e Mali) conseguem juntar-se para dar a origem uma nação ainda maior, o AfroCubism. Pesos pesados como Eliades Ochoa, Toumani Diabaté e Djelimany Tounkara compensam o primeiro plano falhado e o tempo perdido, por via da comunicação no meio linguístico intercultural mais apetecido de todos, a música. AfroCubism é como uma reunião de uma grande família que há muito se espalhou por vários continentes.

Se os Sex Pistols mandavam lixar os outros e os Joy Division diziam porque estavam lixados, os Arcade Fire continuam a cantar de alma e coração que não querem estar mais lixados. Este motor de optimismo levou-os a mais um feito, o gigante "The Suburbs" (tematicamente, uma visão da adolescência nos arredores de uma grande cidade texana). E neste caso, contrariando o ditado, a quantidade levou-os a uma maior qualidade... A imensa força de vontade continua a ser uma varinha mágica para o colectivo mais colectivista do rock.

6º AfroCubism – AfroCubism


5º Arcade Fire – The Suburbs


GP

Melhores álbuns internacionais: 7º e 8º, parte 2


Há quem não espere pelos 50 anos ou por uma discografia de 20 títulos para reclamar um estatuto semelhante ao de Caetano Veloso. Chamar-lhe estatuto talvez seja exagero. Mais vale chamar-lhe mania-de-fazer-as-coisas-desta-maneira. Francesinha comme il faut, Olivia Ruiz (na foto) é também um pouco espanholita, deita-se todas as noites em que não anda em digressão com o tipo dos Dyonisos, foi descoberta no Ídolos lá do sítio e - daí o Caetano Veloso - leva três discos de estúdio mais dois ao vivo. Este é o seu segundo de palco, Miss Météores Live, e é do melhor que fez este ano em França, num atípico ano de fraca produção nacional.

Vitorino nunca a cantou, diz-se, mas Janelle Monáe certamente não se importaria. ArchAndroid é uma das estreias mais excitantes dos últimos tempos, de uma mulher feita James Brown ou Prince de smoking, que tem o fogo no corpo, o diabo na voz e um futuro que promete não nos deixar sossegados por cinco minutos que seja. Cheira a lenda na forja. Ou então apenas um disco inspirado de alguém que morrerá aos 27 anos (Janelle, a menina já vai nos 25, cuidadinho...).

8º - Miss Météores Live - Olivia Ruiz


7º - ArchAndroid - Janelle Monáe


GF

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Melhores Álbuns Internacionais de 2010: 8º e 7º

Foi John Grant que pediu um clássico? Foi e teve-o: um álbum de estreia arrebatador, de recheio de melodias folk generoso, bonito classicismo pop e com o apoio de umas pinceladas dos Midlake na retaguarda. Nunca serão demasiadas as vezes em que os conflitos internos de um músico dão à luz obras majestosas: o ex-lider dos Czars (na foto) já assinou uma. Assim, logo à primeira.

Ao segundo álbum, os MGMT resolveram complicar. E ainda bem. Sobre o tapete voador electro-psicadélico, e com alguns golpes de asa beatlescos, o duo nova-iorquino picou ainda o imaginário glam e encontrou a sua Ilíada de Homero no espaço de uma canção: 'Siberian Breaks', de 12 minutos multidireccionais. Os MGMT passaram a ser menos consensuais, não menos brilhantes.

8º John Grant – Queen of Denmark


7º MGMT - Congratulations


GP

Melhores álbuns internacionais: 9º e 10º, parte 2


Fazer instrumentos a partir de uma prática recolectora de lixos e objectos avulsos tem tanto de inventividade quanto da mais pura necessidade. E essa necessidade, para se ouvir, precisa depois de electricidade. É mais ou menos assim que surge a série Congotronics, com a música congolesa de gente como os Konono nº1 e Kasai Allstars a tornar-se uma vibrante sonoridade urbana da menos urbana das cidades deste mundo - Kinshasa. Para comemorar o lançamento da série, a editora Crammed Discs lembrou-se desta coisa maravilhosa: convidar a malta do mundo do pop/rock alternativo que expressara admiração pelos congoleses, e construir um maravilhoso álbum duplo que aproxima o Congo do resto do mundo. São versões e músicas inspiradas pelos Congotronics originais, por nomes como Andrew Bird, Animal Collective, Juana Molina e muitos outros nomes essenciais.

Sobre Laurie Anderson (na foto), há pouco a dizer. É a mais iluminada artista da palavra no campo da música. E Homeland, reflexão sobre os excessos e as paranóias da segurança e da vigilância na sociedade norte-americana, é mais um disco brilhante que provoca e exige mais perguntas do que respostas.

10º - Tradi-Mods vs. Rockers, Vários


9º - Homeland - Laurie Anderson

GF

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Melhores Álbuns Internacionais 2010: 10º e 9º

Os Vampire Weekend fizeram batota com a idade e o tempo, mantendo o mesmo charme adolescente e repetindo a mesma graciosidade de uma estreia. Sobreviveram intactos à ameaça de desgaste de um segundo álbum, renovando o título de campeões do afropop sem concorrência à vista.

Outros joviais, os Trembling Bells (na foto em cima), assinaram um tratado musical que o fortíssimo movimento do folk-rock britânico do final dos anos sessenta nunca desdenharia. Basta ouvir as primeiras respirações para se sentir a autenticidade do produto. É deles o grande álbum da folk britânica deste ano.

10º Vampire Weekend - Contra


9º Trembling Bells – Abandoned Love

GP

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Melhores álbuns internacionais: 11º-20º, parte 2


O colega hoje está muito susceptível, mas não se preocupe que é a partir de... agora, que começamos a concordar minimamente: Warpaint e !!! em dose dupla. Parece-me bem. Mas comecemos pelos moços penteadinhos da fotografia, que fazem tudo menos jazz penteadinho. Os Atomic, gente nórdica mas fogosa quando toca aos instrumentos, raramente falham listas de melhores do ano sempre que há ano. É escutar, boa gente, de ouvidos bem abertos.
E como um dos melhores concertos a que assisti nos últimos doze meses foi o de M (Mathieu Chedid), nada melhor do que comemorar a bojuda edição ao vivo acabada de sair, em que o ex de Audrey Tautou com penteado em forma de letra (M) mostra o porquê de deixar umas valentes saudades de o vermos num palco longe daqui.
A fechar os destaques com direito a imagem, as Warpaint. Ou como quatro moças juntas fizeram um dos melhores discos do ano, maravilhosa indecisão entre o shoegazing, o pós-punk americano, a folk e a pop trá-lá-lá sonhadora que se descobre em quartos de quatro pistas. E, assim, neste parágrafo nem se falou em cabelos...

20º - Theater Tilters, Vols. 1 & 2 - Atomic
19º - Studio 105 - Mayra Andrade
18º - Ali and Toumani - Ali Farka Touré & Toumani Diabaté
17º - 3 Nights in Oslo - Peter Brötzmann Chicago Tentet
16º - Strange Weather, Isn't It? - !!!
15º - Les Saisons de Passage - M


14º - All Is Gladness in the Kingdom - Fight the Big Bull
13º - /\/\ /\ Y /\ - M.I.A.
12º - Grinderman 2 - Grinderman
11º - The Fool - Warpaint


GF

Melhores Álbuns Internaconais 2010: 11º - 20º

Uma lista de melhores do ano nunca deveria ser motivo de lamentos. Só de louvores. Mas faz-se uma excepção. Uma reclamação. A visada (e, por isso, com foto) é Janelle Monáe que poderia ter feito um álbum melhor do que realmente fez. Repito: melhor, não maior. Esta super-heroína da música afro-americana em toda a sua extensão deslumbrou-se com os seus poderes especiais e deu a "The ArchAndroid" uma escala um pouco desmedida, pouco terrena. Com um pouco mais de concisão, haveria escalada para lugares mais acima. Ela já é a melhor. Só precisa de ser mais económica. Não gaste já tudo.

Mais de dez anos depois da alegada tentativa de homicídio por meios audiovisuais sobre o então treinador do Porto, António Oliveira, é a minha vez de ser vítima de agressão por meio de conteúdos digitais, vindo do meu próprio colega de loja Dupont. Foi uma autêntica chinada musical e verbal. Se quer fazer de mim o advogado de defesa dos National, que se desengane. Vai ter que ir para o tribunal atacar sozinho os rapazolas, que eu tenho outros clientes mais precisados. Isto começa bem, começa...

20º Warpaint – The Fool
19º Sharon Jones & The Dap Kings – I Learned the Hard Way
18º Black Rebel Motorcycle Club – Beat the Devil’s Tatoo
17º Joanna Newsom – Have One on Me
16º Janelle Monáe – The ArchAndroid


15º Elvis Costello – National Ransom
14º !!! – Strange Weather, Isn't It?
13º Neil Young – Le Noise
12º Erland and the Carnival - Erland and the Carnival
11º Ice Cube – I Am the West


GP

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Melhores álbuns internacionais: 21º - 30º


Pois eu acho que o meu colega Dupond pirou de vez, sim. Não por causa da Christininha, coitadinha, que é moça capaz de belas canções carregadinhas de sexo, mas por incluir esta gente desagradável e desaconselhável chamada The National. Mas falando das minhas belíssimas escolhas, a rapariga da foto é a bela Cibelle, que no seu último disco se metamorfoseia em Sonja Khalecallon, cantora de cabaret apocalíptico, no mais curioso disco 'mamado' (no sentido de febril, delirante, sob o efeito de coisas) do ano. A moça do vídeo, essa é bem conhecida, e calhou a parar igualmente no 21º. Não foi pensada como resposta à Christininha, coitadinha, que está muito bem instalada na outra lista. Duas palavrinhas só para os magníficos Hanggai, dignos representantes da China nesta lista: dívida pública.

30º - Las Vênus Resort Palace Hotel - Cibelle
29º - Congratulations - MGMT
28º - Transparence - Spoon
27º - Before Today - Ariel Pink's Haunted Graffiti
26º - Mondo Cane - Mike Patton
25º - He Who Travels Far - Hanggai


24º - Crooked - Kristin Hersh
23º - The Age of Adz - Sufjan Stevens
22º - Dark Night of the Soul - Danger Mouse & Sparklehorse
21º - Loud - Rihanna


GF

Melhores Álbuns Internacionais 2010


Não pirei de vez. Acho mesmo “Bionic” de Christina Aguilera um dos 30 melhores álbuns estrangeiros. Um disco de risco, hardcore, ninfomaníaco, que recorda transgressões anteriores, como a de Madonna em "Erotica" (de 1992). Aguilera pode ter que entrar num período de exílio face ao sistema, o que lhe já está a custar a marginalização pelo comité dos Grammys. Mas fica o registo de coragem... A milhas está a pop inocente de Rumer (na foto), que se estreia muito bem com "Seasons of My Soul". Mas cabe na mesma lista.

30º Rumer – Seasons of My Soul
29º Jenny and Johnny – I’m Having Fun Now
28º Yeasayer - Odd Blood
27º Deer Tick – The Black Dirt Sessions
26º Manic Street Preachers – Postcards from a Young Man


25º Emily Jane White – Victorian America
24º Willie Nelson – Country Music
23º The National – High Violet
22º Women – Public Strain
21º Christina Aguilera -Bionic



GP

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Se alguém os viu por aí, que os traga de volta



No mundo de música pop/rock britânica pós-Radiohead (não pós-morte, mas pós-sucesso), ambiciosa e simultaneamente tocante, não há quem faça sombra aos Elbow. Há presunção nesta gente, mas admiravelmente justificada. Esperemos que 2011 traga sucessor para The Seldom Seen Kid (2008). Beijinhos.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Toque de génio



No dia em que se comemoram 30 anos sobre a morte de John Lennon, recordamos um dos momentos em que, ao serviço dos Beatles, tocou no céu: 'A Day in the Life', ou o seu beijo mais íntimo com a eternidade.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Damon vai à ópera


Enquanto anda toda a gente a comentar o eventual fim anunciado dos Gorillaz, parece que ninguém se deu conta disto: Damon Albarn vai colaborar com o seu inseparável Jamie Hewlett (o mesmo dos Gorillaz, pois) num espectáculo para o London 2012 Festival. Depois da ópera Monkey, aí vem Damon outra vez para o mesmo registo...

Coisos e tal



Paal Nilssen-Love, Ingebrigt Haker Flaten e Mats Gustafsson são três amigos que se juntam para fazer coisas. The Thing é o nome do seu trio que se dedica a fazer saco de pancada jazz desenfreado de temas rock e outros que eles se lembram de juntar ao reportório. Dá-lhes para Black Sabbath e outras músicas que vivem de guitarras saturadas em distorção. Aqui fica um cheirinho, excerto de uma versão de Art Star, tema dos Yeah Yeah Yeahs. Obrigados.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Menina Janelle, você é um pecado de cantora



Houve mau tempo em Lisboa durante este fim-de-semana. Mas mais do que chuva ou vento com ganas de virar árvores do avesso, houve um furacão a abanar freneticamente os corpos das centenas que enchiam o Teatro Tivoli. Janelle Monáe estreou-se em palcos portugueses e foi mais ou menos assim. Só que muito melhor...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Está a chegar



Com ares de viúva gótica e bichinho de electrónica, Zola Jesus pode vir a engrossar o lote já generoso de surpresas da breve história do Super Bock em Stock e fazer esquecer o cartaz menos atraente desta terceira edição. Se se tocar a música do bom vídeo acima (realizado por Jacqueline Castel), a actuação na Sala 1 do São Jorge, prevista para dia 3 (à meia-noite), pode mesmo aquecer. 

Um encontro perfeito



Não é muito habitual às gentes portuguesas atirarem-se no cruzamento com outras linguagens. É, portanto, de saudar e de lembrar Ricardo Ribeiro. Representante da mais portuguesa das canções, este homem do fado dos sete costados gravou com o libanês Rabih Abou-Khalil um dos mais notáveis discos dos tempos recentes, daqueles cantados na nossa língua mas muito para além das nossas fronteiras.