segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Melhores álbuns internacionais: 2º e 1º, parte 2


Não sou especialmente fã do primeiro álbum dos Vampire Weekend. Na altura que saiu, passou-me pelos ouvidos e a única frase que me bailava na cabeça era 'sacanas de aproveitadores gratuitos a pilharem a música africana e a embalarem-na com um ar coolzinho de trazer por casa'. E irritou-me que o fenómeno a que ninguém parecia resistir fosse alimentado por um público que, muito provavelmente, não perderia cinco minutos a ouvir a Orchestra Baobab (com quem, à distância, Ezra Koenig diz ter aprendido a tocar guitarra). Música betinha, moda do momento e oportunista. E depois veio Contra, e aquilo que me pareciam dois mundos colados com cuspo fez repentinamente sentido. Contra é, parece-me, aquilo que It's Not Me It's You de Lily Allen fora em 2009: o grande disco de canções do ano. Tão simplesmente.

Quanto a Kanye West (na foto), é outra fruta. É o grande arrojo estético de 2010, o disco que mais me parece capaz de deixar marcas profundas no que a música popular terá a ouvir nos próximos anos. Já alguém lhe chamou, com toda a razão, 'o Mourinho da música': há neste homem uma arrogância de quem se sabe estupidamente bom e não suporta que os outros não o vejam. E é difícil escapar-lhe, para dizer a verdade. My Beautiful Dark Twisted Fantasy institui Kanye West como a dupla Lennon/McCartney para o primeiro quartel do século XXI. Há aqui brilhantismo a rodos, uma atitude de esticar os limites do que pode ser uma grande canção e um gosto por um experimentalismo mascarado de alinhado que produzem resultados soberbos. West tem um ego do tamanho do mundo. Mas se continuar a fazer discos assim, nós continuaremos a insuflá-lo só mais um bocadinho.

2º - Contra - Vampire Weekend


1º - My Beautiful Dark Twisted Fantasy - Kanye West


GF

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