"Anna Calvi" é uma travessia gloriosa para o estrelato indie, em dez canções monumentais e urgentes (sem excepção), feitas de elegância pop e de uma crueza bluesy, alteadas por uma forma transcendente de canto lírico que faz do rock um palco de drama no seu melhor. Parece impossível fazer melhor, mas a talentosa guitarrista de cabelos doirados que passámos a idolatrar não se deve ficar por aqui. Isto é ainda só o começo.
Mesmo que perante uma discografia sem falhas, já nos tínhamos conformado em situar o período áureo de PJ Harvey naquela tripla dos anos 90 Rid of Me/To Bring You My Love/Is This Desire. Quem não se conformou com isso foi a própria PJ Harvey que desencantou, com mais de 40 anos de idade, a sua grande obra-prima, "Let England Shake", um disco conceitual sobre os conflitos bélicos da sua Inglaterra, que é uma fronteira indefinida entre rock e folk, entre o som etéreo dos Cocteau Twins (mas PJ Harvey é demasiado grande para caber num expositor da 4AD) e os ares rupestres das manas Shirley and Dolly Collins (só que PJ Harvey não é nenhuma Jane Austen do rock). Enquanto a Europa e Inglaterra se desmoronam, PJ Harvey volta a encontrar um rumo. Ninguém apanha a grande camaleoa indie que é cada vez mais a mulher do rock com melhor reportório de sempre. O disco do ano é dela.
2º Anna Calvi - Anna Calvi
1º PJ Harvey - Let England Shake
GP
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