domingo, 27 de março de 2011

Clássico na loja: Strangers Almanac, Whiskeytown (1997)


O homem que não passava um dia sem gravar um álbum e cheirava em doses iguais a hiperactividade e fuga desesperada de estado depressivo, sim ele claro Ryan Adams, há-de vir a Portugal lá mais para Junho. Mas antes de sequer sonhar em poder vir a ser confundido com o outro, o malfadado canadiano que deve ter as chaves (aquelas banhadas em ouro ou lá o que é) de Cascais, antes de Elton John dizer maravilhas dele, antes de saltar do palco em concertos lotados e dar uma nota de dez dólares a um tipo que lhe pediu para cantar Summer of 69 e expulsá-lo da sala em seguida, antes de tudo isso houve os maravilhosos Whiskeytown.

Já aí se começara a dizer que algo de muito certo andava a acontecer à country: as guitarras eléctricas, o baixo registo na escala de Hillbilly, a capacidade de abotoar as camisas na música tantas vezes saloia de Nashville e esconder a pelaria do peito mais o crucifixo feito com osso de bovino.



Editado em 1997, Strangers Almanac não deu nas vistas tanto quanto devia. E só viria a ser decentemente descoberto quando a carreira a solo de Adams arrancou em 2000, com Heartbreaker. Mas aí, Adams começava a abarcar toda a América na sua música, juntando Dylan, Patton ou R.E.M., pedindo os blues-rock de volta aos Rolling Stones que os levaram para o outro lado do Atlântico. Em Strangers Almanac, tudo isto é ainda uma miragem. Aqui, faz-se a Gram Parsons aquilo que ele realmente merecia: ter descendência. E isso não é coisa pouca.



GF

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