quarta-feira, 16 de março de 2011

Não Estava Lá, Não Estava Lá

Newport Folk Festival 1965

Imaginando-me na posse da máquina do tempo, teria muito por onde escolher, mas uma das primeiras experiências com o brinquedo seria seguramente uma viagenzinha até ao Festival de Folk de Newport naqueles dias de Julho de 1965. Trocaria o iPhone, o Youtube e este conforto todo das modernas tecnologias para ver in loco o cruzamento entre a velha América e a nova (ou o misto das duas), sem me preocupar em consultar as mais recentes mensagens electrónicas.




Com todo o prazer, infiltrar-me-ia com o meu saco-cama naquele mundo de penteados e roupas clássicos (e de outros resquícios de um outro tempo) só para usufruir de um programa de concertos vespertinos e nocturnos que incluía velhos monstros do blues batidos em juke joints como Mississippi John Hurt, Son House ou Memphis Slim; o guru da folk Pete Seeger, cuja omnipresença o confundia com o do dono do festival; uma barrigada de bom gospel e de outra música religiosa que nos pode merecer o perdão de uma vida menos católica (dá para juntar a melomania e a salvação final?, vinha mesmo a calhar); algumas garras de bluegrass à solta; e Odetta no seu esplendor. E, no final, faria claque pelo Bob Dylan eléctrico que escalandizou quem acha que os músicos pertencem a géneros; e aconselharia os mestres do assobio a guardarem o seu talento para ocasiões em que o dom vocal de Joan Baez voltasse a atropelar as virtudes dos demais companheiros de palco.



GP

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