sexta-feira, 22 de abril de 2011

Na Montra

Recensão semanal a discos recentes (e inteligentes)


The Naked and Famous – Passive Me, Agressive You
Espécie de Dirty Projectors mais comerciais, este estreante quinteto neo-zelandês também contesta a matemática dos teclados como uma ciência exacta, enquanto vai descobrindo intermitentemente o encaixe com formatos mais orelhudos. Com harmonias vocais poderosas no núcleo central (a teclista Alisa Xayalith e o guitarrista Thom Powers), um frenesim electro pujante e, por vezes, uma poesia synth auroral digna da limpidez das Au Revoir Simone, há por aqui sumo a causar sede de os ver no Palco Super Bock do Optimus Alive.
Artigo baseado naquele escrito para o site Cotonete.




The Unthanks – Last
O sereno projecto das manas Unthank, renomeado como The Unthanks ao terceiro álbum "Here's The Tender Coming", pertence justamente à corte da folk britânica. E ao quarto álbum, "Last", não dá sinais de desarmar, com um sentido de rebuscamento melancólico nivelado por cima, ao lado de uma Shelagh McDonald ou de um Nick Drake, e sempre com um fio de jazz oculto ali ao virar da esquina. "Last" é outonal mas não tem tempo. É de todos.




Panda Bear – Tomboy
Sabia-se que o nosso compatriota Panda Bear (sim, porque é casado com uma designer portuguesa e reside em Lisboa) pertencia ao clube do pessoal fixe com bom gosto, mas não se sabia que tinha bom gosto clubístico (pede-se neste momento fair-play aos partidários de outras cores). O aguardado quarto álbum "Tomboy" é rematado com o tema 'Benfica', dedicado ao clube da Luz, e inclui alguns sons de estádios de futebol. Mas é pouco provável que o tema passe nas colunas do Estádio Luz, lado-a-lado com a canção rockeira de António Manuel Ribeiro e o hino "Ser Benfiquista" de Luís Piçarra. Cremos nós.

Quanto ao disco, segue, sem grandes surpresas, o laboratório de pop electrónica dos seus Animal Collective, com momentos de Beach Boys neo-milenares até deslumbrantes (o tema-título Tomboy eleva as expectativas bem altas sobre o disco). Mas naquela cruzada de ideias, não se dá a Eureka, apesar das ameaças.




The Mountain Goats - All Eternals Deck
Serve o presente parágrafo para saudar o regresso à boa forma de John Darnielle (o dono dos Mountain Goats), que depois da obra-prima "The Sunset Tree" (de 2005) se apagou um pouco. Comandando actualmente um trio (ele mesmo, um baterista e um baixista), Darnielle recupera o dom da graça com malabarismos que tornam o pop-rock em algo bem menos previsível, numa linha muito semelhante à de Jonathan Richman. Como é normal, foca-se num tema em cada álbum. E desta vez, as cartas de Tarot são o centro da sua colheita cancioneira. Mas o Ás de trunfo é o próprio John Darnielle. Quem ficar com ele, tem tudo para ganhar.



GP

Sem comentários:

Enviar um comentário