segunda-feira, 27 de junho de 2011

“A Árvore da Vida”, de Terrence Malick


Naquela que é a terra livre por excelência, a América, uma nuvem carregada de austeridade pesa num lar familiar dos anos 1950. Há um pai (o excelente Brad Pitt) que impõe aos seus três miúdos mais medo que respeito (tratem-no por pai, nunca por papá) e uma mãe que é mais boazinha que boa.

Nós, espectadores, somos sentados num carrossel de imagens e de acontecimentos, e de prenúncios de acontecimentos, percebendo (sem dificuldade) as dicas vitais daquele descompromisso com as matemáticas da narrativa. Descortinamos qual a vítima delfina da tragédia familiar e sofremos (tal como a mãe) com os actos de destemor dos três irmãos que a natureza à volta e a idade chamam naturalmente. Porque há sempre, para transgredir, o risco claustrofóbico delimitado pelo autoritarista pai cuja sombra se sente mesmo quando não se vê ou está a milhas noutras missões.

O rol de detalhes visuais do olho de falcão de Malick expõe ao público o título de mestre, mais até que os golpes de arrumação e de desarrumação da história que deixa desguarnecida e como parte a mais a sequência de (belas e urbanas) imagens que envolve a fase graúda do filho (Sean Penn). Mas não nos importamos de ver outra vez este filme. Dos que trouxe Terrence Malick de volta à actividade, este é mesmo o que puxa mais o espectador para o regresso à sala escura para o reencontro com aqueles personagens.



GP

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