quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Melhores Álbuns Nacionais de 2010: 2º e 1º

O fadista Camané espreita os três cantos de outras músicas portuguesas (das oferendas de Sérgio Godinho e de Fausto à crónica direcção musical de José Mário Branco) do seu quarto, num canto que evoca as memórias dos fados de Alfredo Marceneiro. Coadjuvado por um trio de instrumentistas de monta (José Manuel Neto na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola e Carlos Bica no contrabaixo), Camané cimenta-se cada vez mais como o maior fadista masculino pós-Carlos do Carmo. Curiosidade, aventura, refinamento, excelência.

As rugas de um trajecto estilhaçado por hiatos, doenças e reformulações são milagrosamente eliminadas por uma música abençoada por uma eterna juventude, como se os Pop dell’Arte nunca tivessem parado. As contigências da vidinha passam a corriquice num par de batidas, e João Peste passa a ser em poucos segundos de gravação no maior astro rock, num líder de um projecto que é ainda tão provocador. O híbrido anglo-francês com alma portuguesa de rock vangardista, electrónica e cabaret (ou lá o que isso seja) sai outra vez da toca com aquele sorriso maroto. E os Pop dell’Arte voltam a antecipar o futuro, assim de forma tão abrupta.


2º Camané – Do Amor e dos Dias


1º Pop dell’Arte – Contra Mundum


GP

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