quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Melhores concertos: 1º e 2º


E a provar que na mais das vezes é através dos festivais que nos chegam alguns dos nomes maiores da música, aqui ficam os dois grandes concertos de 2010, no meio de pó, filas de trânsito intermináveis e castelos abençoados. (Versões curtas de textos publicados originalmente no site do jornal Sol).

«Funky! Funky!», gritou Prince e fez gritar repetidamente ao longo do concerto, como que lembrando o que estava ali em causa. E, apesar das diferenças, a imagem do homem de branco parecia em tudo lembrar a de um outro vulto habitualmente de negro que dava pelo nome de James Brown. Tal como Brown, um concerto de Prince assemelha-se a uma locomotiva rítmica imparável, com as canções tal como nos lembramos delas a serem desviadas pela necessidade constante de celebrar o funk. O seu nome é Prince e ele é funky. A frase veio à memória e nunca foi tão verdadeira.

De guitarra nas mãos, como se fosse um instrumento a pilhas daqueles que se compram no Toys'r'Us ? tal era a facilidade com que punha as notas electrificadas a dançar à sua frente ?, Prince não se contentou enquanto não teve o público a responder no limite da histeria a cada um dos seus reptos. O concerto, não demorou a perceber-se, era tanto dele como nosso. «Eu amo-vos, vocês amam-me, todos nós amamos Deus», disse por mais de uma vez. Apesar dos muitos narizes franzidos à terceira parcela, ninguém quis contrariar uma das maiores lendas vivas da música actual, e rapidamente alguns adaptavam a frase para a poder aceitar: «Se o Deus fores tu, Prince, tudo bem». E, de facto, o ambiente era de idolatria e embevecimento com aqueles 52 anos que mais parecem 25. Da energia em palco, aos passos de dança, à voz impecável, nada falhou num músico perfeito.

Mais uma vez, a escolha foi absolutamente acertada no casting para encerramento da festa no castelo, com o concerto dos congoleses Staff Benda Bilili a ter honras de um magnífico fogo-de-artifício durante um dos seus temas mais electrizantes, na maior enchente de sempre do festival. Para a história do FMM fica igualmente um concerto sublime, em que as melodias e os ritmos latinos habitualmente presentes na música da África subsariana se colaram magistralmente a um espiralado andamento de rock por vezes à beira do psicadelismo - fruto, em grande medida, do aparentado de alaúde de uma corda construído numa lata e amplificado, aproximando a sonoridade dos Konono nº1. E a tudo isto, a uma música capaz de animar até os corpos dos músicos sem locomoção inferior ? foi vê-los de sorriso escancarado, ora a descer da cadeira de rodas e dançar com todo o tronco agitado pelos braços, ou mostrando que um par de muletas não é obstáculo para a folia ? foi simplesmente impossível resistir.

E com o alinhamento que se vai já sabendo dos festivais de 2011, este ano promete não ficar atrás... Mas disso por aqui daremos conta nos próximos meses.

2º - Prince, SBSR


1º - Staff Benda Bilili, FMM, Sines


GF

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