segunda-feira, 4 de abril de 2011

Prazer culposo


Warrant: querido rock Isabel Queiroz do Vale

Hair-metal para uns, glam-metal para outros. A primeira designação tinha uma conotação negativa, de quem chama a atenção para aqueles homens feitos quererem por força parecer-se o mais possível com mulheres e, ainda assim, reclamarem a sua virilidade por inteiro; a segunda, pretendia chamar a atenção para uma dignidade musical que poucos lhe reconheciam - e traçando uma linhagem, por vezes forçada, de bandas como T-Rex, New York Dolls ou Cheap Trick.

Down Boys (Dirty Rotten Filthy Stinking Rich, 1989)


Na verdade, aquilo que Warrant e outros como Poison, Mötley Crüe, Danger Danger, Enuff Z'Nuff, Faster Pussycat, Tigertailz ou Pretty Boy Floyd (a eles voltaremos, naturalmente) faziam era acompanhar os power chords do heavy metal com uma dose hiperbólica de açúcar. O género foi um fogacho que se acendeu no início da década de 80 e foi assassinado pelos Nirvana em 1991. A partir daí, o look Isabel Queiroz do Vale foi abandonado, as poses endureceram, as canções ficaram menos melosas. E apareceram os melhores discos de muitas destas bandas - Whipped!, para os Faster Pussycat, Flesh & Blodd, para os Poison, ou Dog Eat Dog, para os Warrant. Injustamente, a sua reputação estava irremediavelmente perdida.

Uncle Tom's Cabin (Cherry Pie, 1990)


Ficaram perdidos no passado, varridos para debaixo de um tapete de vergonha adolescente. Os Bon Jovi, reconvertidos em rock de estádio no arame, foram talvez os únicos a sobreviver sem ficarem confinados a uma sobrevivência arrastada por pequenos clubes norte-americanos, a tocar para pais e mães com barriga de cerveja, em busca de hora e meia de regresso ao liceu. Os Warrant foram, no entanto, uma das melhores bandas do movimento. E não há vergonha nenhuma nisso. Ou talvez só um bocadinho, vá...

Machine Gun (Dog Eat Dog, 1992)


The Bitter Pill (Dog Eat Dog, 1992)


GF

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